Meditação do Prazer
"Prazer e amor fundem-se quando nos abrimos a experienciá-los na totalidade."

Atravessamos um momento duro, um período de luto e de grande reflexão sobre o nosso papel no desenvolvimento de um mundo melhor. A tomada de consciência de que velhos padrões têm de cair dói. Precisamos de transformação no mundo, e ouvir que a transformação começa em nós mesmos às vezes irrita. Mas essa é a pura verdade, como podemos querer viver num mundo que não é regido por interesses e raivas encobertas, se nós próprios cedemos a facilitismos e vivemos na repressão interna daquilo que é o nosso mundo interior?
Durante estes últimos dias reflecti sobre qual poderia ser o ponto de partida para uma mudança forte em todos nós e, nesse sentido, procurei em mim mesma a origem de toda a raiva, ressentimento e mágoa que carrego em mim. E a origem que descobri está na repressão do meu prazer, e quando falo de prazer, refiro-me à minha liberdade em ser quem sou, em poder usufruir de tudo aquilo que esta experiência que é estar viva me dá.
Em prole do amor, abandonamos a nossa essência, fechamo-nos ao prazer, esquecemos de quem somos. A nossa sociedade está formatada para criar seres infelizes, pessoas que se afastam da sua essência pelas falsas promessas de que no futuro serão recompensadas e reconhecidas pelo esforço.
Tudo aquilo que nos afasta da nossa essência só nos torna mais feios, mais pesados. Se pensarmos, porque é que é tão mágico olhar para uma criança? As crianças vivem de acordo com a sua verdade.
Dificilmente encontraremos amor se nos escondermos. O único reconhecimento que pode advir do esforço de sermos alguém que não somos, não é amor, pode ser medo ou pode ser pena. E por isso vivemos num mundo com tantas vítimas e tantos opressores. Estamos tão doentes que procuramos amor onde ele não existe, sentir a pena do outro dá-nos a falsa sensação de sermos amados, assim como sentir que os outros nos temem também.
Porque que razão, alguém realmente feliz faria mal a alguém? Qual seria o real valor do dinheiro e do poder se a falta de amor não fosse uma doença tão enraizada dentro de nós?
Então, porque só podemos ser amados se amarmos a nossa essência, acredito que o ponto de partida é começar a dar espaço a esse amor próprio. Na minha linguagem, sentir prazer é abrir-me e reconhecer o amor que a Vida me dá. Abrirmo-nos aos pequenos prazeres constantes, que ocorrem a cada momento e que passam despercebidos.
A ideia de prazer tem sido reduzida a um número limitado de experiências que podemos ter enquanto humanos. Para mim, prazer é muito mais que saciar, prazer é amor. Quando o bebé é abraçado pelo amor da mãe, todo o corpo dele vibra de prazer, vibra de amor. Prazer e amor fundem-se quando nos abrimos a experienciá-los na totalidade.
Reconhecer o prazer em cada gesto e movimento que fazemos. Parece fácil, mas foram tantos os anos que passámos fora do nosso corpo, desconectados de nós mesmos que, por vezes, não sabemos por onde começar.
Fica então esta sugestão, como uma meditação diária de 10 minutos durante 21 dias! Este é o tempo necessário para reprogramar a nossa mente. Após estes 21 dias o reconhecimento do prazer fará parte da tua vida, estará integrado em todo o teu ser.
MEDITAÇÃO (10 min)
Todos os dias durante 21 dias tira 10 minutos para esta meditação.
1. Mima-te: cria um ambiente especial e de prazer à tua volta, com aquilo que te faz sentir bem... Sê criativo. A ideia é que vás variando de dia para dia (o objetivo não é que te vicies num certo tipo de ritual para sentir prazer, mas antes que explores várias possibilidades de o sentir)
sugestões: banho de imersão, auto-massagem com óleos, inalação de do óleo essencial ylang ylang, ver o pôr-do-sol, sentir o cheiro do mar, etc...
2. Sente: Durante 10 minutos permanece atento/a às sensações boas que essa experiência te dá no corpo. Respira com mais profundidade e sente que a cada inspiração a tua barriga expande e a cada expiração esvazia. Usa a tua barriga como o ponto de partida para sentir o teu corpo e observar as sensações. Permite-te sentir o prazer.
3. Abraça-te: Termina a meditação com um suave abraço a ti mesmo, agradece-te por este momento.
P.s: À medida que te fores tornando mais consciente do prazer em ti, explora também ambientes e situações que não costumavas relacionar com o prazer, como, por exemplo, estar parado/a no trânsito (um excelente momento para sentires o teu corpo e o prazer de estar sentado/a num carro enquanto chove lá fora) etc.
Muda a tua perspectiva e a tua vida mudará também :)
Experimenta!! Partilha a tua experiência aqui :)
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